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Ozempic e Wegovy: medicamentos para emagrecer podem causar danos permanentes à boca e aos dentes
Além de efeitos estéticos como o “rosto Ozempic”, uso contínuo pode provocar boca seca, mau hálito intenso e até corrosão dentária.
Por Danillo Karlo
11 de Junho de 2025 às 12:02
Ozempic e Wegovy, remédios à base de semaglutida originalmente desenvolvidos para o tratamento do diabetes tipo 2, ganharam notoriedade por sua ação eficaz no emagrecimento. No entanto, à medida que o uso desses fármacos se populariza, surgem efeitos colaterais preocupantes — especialmente na saúde bucal, onde os danos podem ser silenciosos, progressivos e irreversíveis.
Boca seca: mais do que um simples desconforto
Um dos principais efeitos adversos relatados é a xerostomia, ou boca seca. A semaglutida interfere na produção de saliva ao afetar as glândulas salivares, reduzindo o fluxo salivar e tornando a saliva mais espessa e pegajosa. Essa condição não só causa desconforto, como compromete a lubrificação e proteção natural da boca.
A saliva é essencial para neutralizar ácidos, controlar bactérias, iniciar a digestão e proteger os dentes contra cáries. Sem ela, a mucosa oral fica mais suscetível a inflamações, feridas, dificuldade para engolir, infecções fúngicas (como candidíase oral) e desgaste do esmalte dentário.
Mau hálito crônico e proliferação bacteriana
Com a boca seca, o equilíbrio do microbioma oral é afetado. A diminuição do fluxo salivar favorece o crescimento de microrganismos como Streptococcus mutans, Lactobacillus e Porphyromonas gingivalis, esta última responsável pela liberação de compostos sulfurados voláteis — os principais vilões do mau hálito.
Pacientes também têm relatado o surgimento de revestimentos brancos ou acinzentados sobre a língua, uma condição que reflete acúmulo bacteriano e má higienização natural da boca devido à baixa salivação. Isso intensifica a halitose e pode evoluir para quadros de gengivite ou periodontite, se não for tratado adequadamente.
Erosão dentária e o impacto do vômito
Outro efeito importante causado pelo uso prolongado da semaglutida é a ocorrência frequente de náuseas e vômitos. Esses medicamentos retardam o esvaziamento gástrico, o que pode causar refluxo, sensação de estômago cheio, enjoo e episódios repetidos de vômito.
O ácido clorídrico presente no conteúdo estomacal é altamente corrosivo para o esmalte dos dentes. Quando o vômito se torna frequente, há um desgaste gradual, especialmente na face interna dos dentes superiores. Esse tipo de dano nem sempre é visível a olho nu, mas pode levar a sensibilidade, amarelamento e aumento do risco de cáries e fraturas dentárias.
A combinação entre vômito, desidratação e boca seca cria um cenário perigoso: menos fluido corporal, menos saliva e maior vulnerabilidade aos danos bucais.
Mulheres são mais afetadas
Estudos mostram que mulheres têm o dobro de probabilidade de apresentar efeitos gastrointestinais com medicamentos da classe dos agonistas do receptor de GLP-1, como Ozempic e Wegovy. Acredita-se que os hormônios femininos, como estrogênio e progesterona, possam alterar a sensibilidade do intestino, tornando os efeitos colaterais mais frequentes e intensos.
Como proteger a saúde bucal durante o tratamento
Para quem utiliza esses medicamentos, algumas medidas podem ajudar a minimizar os impactos na saúde da boca e dos dentes:
Hidrate-se constantemente: ingerir de 6 a 8 copos de água por dia ajuda a manter a boca úmida e estimular a produção de saliva.
Evite escovar os dentes imediatamente após vômitos: o ideal é enxaguar a boca com água ou enxaguante bucal e esperar ao menos 30 minutos antes de escovar, evitando espalhar o ácido pelo esmalte.
Use chicletes sem açúcar ou pastilhas com eucalipto: eles auxiliam na salivação e ajudam a combater o mau hálito.
Invista em probióticos: alimentos como iogurte natural ou kefir contribuem para equilibrar a flora oral e intestinal.
Tenha uma rotina rígida de higiene bucal: escove os dentes ao menos duas vezes por dia com creme dental fluoretado, use fio dental e enxaguantes sem álcool.
Evite alimentos e bebidas muito ácidas ou com açúcar: eles aumentam o risco de erosão do esmalte.
Danos podem ser irreversíveis
Embora muitos dos efeitos colaterais gastrointestinais tendam a desaparecer com o tempo ou com a interrupção do uso do medicamento, os prejuízos causados à estrutura dental são permanentes. Por isso, é essencial que usuários de Ozempic e Wegovy façam acompanhamento odontológico regular e fiquem atentos aos primeiros sinais de alteração na saúde bucal.
Fonte: The Conversation Brasil
Rádio Litoral Sul, com apoio nas informações do site The Conversation.