Gravidez na adolescência atinge 1 em cada 23 jovens no Brasil, aponta estudo
Pesquisa da UFPel revela disparidades regionais e associação direta com pobreza e exclusão social
22 de Julho de 2025 às 15:48
Um estudo inédito do Centro Internacional de Equidade em Saúde da Universidade Federal de Pelotas (ICEH/UFPel) revelou que uma em cada 23 adolescentes brasileiras entre 15 e 19 anos torna-se mãe a cada ano. Entre 2020 e 2022, mais de 1 milhão de jovens nessa faixa etária tiveram filhos no país. Entre meninas de 10 a 14 anos, o número supera 49 mil — o que, segundo a legislação, caracteriza estupro de vulnerável.
A pesquisa calculou a taxa de fecundidade adolescente nos mais de 5,5 mil municípios brasileiros e apontou que 22% das cidades têm índices semelhantes aos de países mais pobres do mundo. A média nacional é de 43,6 nascimentos por mil adolescentes — quase o dobro do observado em países de renda média alta, como o Brasil, e muito acima da taxa registrada em nações como Rússia, Índia e China, onde o máximo é de 16,3 por mil.
As desigualdades regionais também chamam atenção. A Região Sul registra taxa de 35 por mil, enquanto o Norte mais que dobra esse índice, chegando a 77,1 por mil. No Norte, 76% dos municípios têm taxas comparáveis às de países de baixa renda. No Sudeste, esse índice é de apenas 5,1%.
De acordo com o pesquisador Aluísio Barros, líder do estudo, o cenário revela uma falha sistêmica.
“Municípios com maior escassez de recursos, baixa renda, analfabetismo e infraestrutura precária concentram as mais altas taxas de fecundidade adolescente. A maternidade na adolescência é resultado de exclusão e falta de oportunidades”, afirmou.
A superintendente-geral da Umane, Thais Junqueira, lembrou que o SUS oferece acesso gratuito a métodos contraceptivos e programas de educação sexual. No entanto, defende ações mais articuladas.
“O fato de a gravidez na adolescência ainda representar um desafio tão grande exige maior engajamento de diferentes setores da sociedade.”
A pesquisa também marca o lançamento de uma nova página do Observatório de Equidade em Saúde, criada para monitorar e dar visibilidade às desigualdades em saúde no Brasil. A iniciativa é uma parceria entre o ICEH/UFPel e a organização Umane.
Rádio Litoral Sul, com apoio nas informações da Agência Brasil.
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